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Entre a devir e o que se tem convencionado chamar revista literária ou revista de letras, artes e espectáculos só pode o leitor atento encontrar dissemelhança. Não procurando o vulgo nem difundindo a vulgaridade, nunca poderia ser um veículo de divulgação. Não se confinando à letra, antes procurando o espírito, nunca poderia ser um órgão literário. Rejeitando a vacuidade mercantil e conformista que vai manietando muitas expressões antes artísticas, esta revista só pode desejar crescer noutro campo. Ao espectáculo circense prefere antes a contemplação e a expectação.

Neste desejo, só poderíamos afirmar-nos enquanto revista de cultura, numa atitude que assume a memória enquanto semente do devir, procurando cultivar e estimular um movimento que devolva à Arte (verbal e não verbal) um verdadeiro direito de cidade. Só assim, em liberdade, se fará agir uma criação animada porque imaginada, poética e transumana. Só assim, como desejava Miguel Torga, se poderá transmitir melhorado o testemunho que nos foi entregue na corrida de estafetas em que todos participamos. Cumprindo estes princípios, o espaço ibero-americano onde nos inscrevemos só pode ser visto como um ponto de partida. Não nos cabe a nós conceber a meta aonde chegaremos.

 

    Os directores

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